Certo dia, um juiz menosprezou o porteiro de um prédio, dizendo: "Eu não preciso de você, sou mais importante que você, não dependo de você para nada."
No dia seguinte, ao voltar para casa, o juiz percebeu algo estranho: o portão não se abriu para que ele entrasse. Ele, então, desceu do carro e gritou pelo porteiro. Os vizinhos informaram que o porteiro havia se demitido, a empresa não tinha ninguém para substituí-lo e havia mais um problema: o último morador, ao entrar, percebeu que o portão travou e não havia como consertá-lo. O juiz, bravo e muito chateado, decidiu procurar um chaveiro.
Chegando a um local onde havia um
chaveiro bem-sucedido, que inclusive tinha um porteiro para atender seus
clientes, o juiz perguntou onde estava o chaveiro. O porteiro informou que ele
havia saído e que não voltaria tão cedo. O juiz, então, perguntou ao porteiro
se ele conhecia algum chaveiro por perto, já que precisava entrar em sua residência
e o portão estava com problemas. O porteiro respondeu que não, mas que poderia
indicar um hotel para o juiz passar a noite.
Sem muitas alternativas e já
tarde da noite, o juiz decidiu passar a noite no hotel. Ao chegar lá, não havia
porteiro para abrir a porta nem para levar suas bagagens, então o juiz teve que
carregar sua bagagem sozinho e dormir ali.
Na manhã seguinte, o juiz foi
direto ao trabalho e, para sua surpresa, o porteiro também não estava no
tribunal. Em todos os lugares por onde passava, não havia porteiro. O juiz teve
que fazer todo o trabalho sozinho. Cansado daquela situação, "Começou a se
perguntar, caso voltasse para casa, sobre a possibilidade de terem encontrado
um novo porteiro." O condomínio havia resolvido o problema do portão, mas
nenhum porteiro queria trabalhar no local, pois todos sabiam que o antigo
porteiro havia se demitido. O juiz, agora, tinha que buscar suas
correspondências e anotar seus próprios recados, já que não havia mais porteiro
para ajudá-lo. Ele começou a perceber o peso de ter que fazer tudo sozinho e
passou a refletir sobre o que havia dito ao porteiro.
Com o tempo, o juiz começou a
entender que todos dependem uns dos outros: o advogado depende do acusado, e o
acusado do advogado; o médico precisa do paciente, e o paciente do médico; o
professor precisa do aluno, e o aluno do professor; o policial precisa das
ocorrências, e as pessoas dos policiais; o povo precisa do Estado, e o juiz das
audiências, assim como as pessoas com processos precisam dos juízes.
Decidido a se desculpar, o juiz
resolveu procurar o porteiro que havia humilhado. Pela primeira vez em sua
vida, ele estava disposto a pedir desculpas. Depois de muito procurar, o juiz
encontrou um velhinho e começou a conversar. O velhinho perguntou o que o juiz
estava procurando. O juiz explicou que buscava o porteiro do seu prédio, a quem
havia ofendido, mas não sabia seu paradeiro. O velho, então, ofereceu ajuda
para encontrá-lo.
Após muito procurar, encontraram
o porteiro, mas ele não era mais um simples porteiro. Agora, era dono de um
luxuoso hotel de seis estrelas. Espantado, o juiz perguntou: "Você agora é
o porteiro ou o gerente deste hotel?" O ex-porteiro, humilde, respondeu:
"Deus me concedeu a honra de ser o dono deste lugar." Surpreso, o
juiz perguntou como ele havia conseguido dinheiro para comprar um hotel tão
luxuoso. O ex-porteiro explicou que havia economizado dinheiro e, ao sair do
emprego, investiu na bolsa de valores. Com o que ganhou, decidiu abrir seu
próprio hotel de luxo.
Quando o juiz, cheio de remorso,
tentou falar mais uma vez com o ex-porteiro, viu uma carta no chão e percebeu
que o velhinho havia desaparecido. Dentro do envelope estava escrito:
"Deus escolhe as coisas loucas deste mundo para envergonhar as sábias. Ele
exalta os humildes, mas abate os exaltados."
O juiz, então, perguntou ao
ex-porteiro se ele o perdoava pelo que havia feito. O ex-porteiro respondeu que
sim, e que, por causa da atitude do juiz, ele se tornou patrão e jamais
humilharia seus funcionários.
Reflexão!
A história é rica em ensinamentos
e possui um enredo cativante que explora temas como arrogância, a
interdependência das pessoas e a transformação pessoal. A jornada do juiz, de
um homem que se sente superior ao porteiro a alguém que aprende sobre humildade
e a importância dos outros, é bastante impactante.
Além disso, a ironia do destino,
com o ex-porteiro se tornando um empresário de sucesso, é uma virada
interessante que provoca reflexão. A moral da história, que ressalta que todos
dependemos uns dos outros em diferentes aspectos da vida, é muito relevante e
ressoa bem com a experiência humana.
Quem é o velho ?
A presença do velho na história
pode ser interpretada de várias maneiras, adicionando um elemento de mistério e
profundidade à narrativa. Aqui estão algumas possíveis interpretações:
Representação da sabedoria: O
velho pode simbolizar a sabedoria e a experiência que vêm com a idade. Ele
aparece no momento em que o juiz está em busca de perdão, sugerindo que ele tem
conhecimento sobre a verdadeira natureza das relações humanas.
Uma figura mística: O velho pode
ser visto como uma figura mística ou sobrenatural, talvez um mensageiro de Deus
ou um anjo que guia o juiz em sua jornada de autodescoberta e arrependimento.
A consciência do juiz: Ele pode
representar a própria consciência do juiz, manifestando-se em forma física para
lembrá-lo das consequências de suas ações e da importância da humildade.
Um símbolo de transformação: O
fato de o velho ajudar o juiz a encontrar o ex-porteiro e, em seguida,
desaparecer, pode simbolizar a transformação que o juiz precisa passar,
sugerindo que a jornada dele é interna e não apenas externa.
O
Guardião do Destino: O velho poderia ser visto como uma espécie de guardião ou
protetor que observa os caminhos das pessoas. Ele aparece no momento em que o
juiz está em crise, simbolizando que as escolhas que fazemos têm consequências,
e que é possível redirecionar nosso destino através da humildade e do
arrependimento.
A Personificação do Tempo: O velho pode representar o tempo, que traz
consigo a sabedoria das experiências passadas. Sua presença poderia indicar
que, à medida que o juiz avança em sua vida, ele deve aprender com os erros do
passado e não subestimar os outros.
Um Antigo Porteiro: Ele poderia ser um ex-porteiro que, em seu passado,
teve uma experiência semelhante de menosprezo. Ao ajudar o juiz, ele oferece
uma lição de vida, mostrando que o papel de cada um, por mais humilde que seja,
é fundamental.
Uma Metáfora para a Empatia: O velho pode ser um símbolo da empatia,
lembrando ao juiz que todos somos interdependentes. Sua sabedoria pode levar o
juiz a refletir sobre sua postura arrogante e a necessidade de valorizar a
dignidade de cada pessoa, independentemente de sua posição social.
Um Místico ou Filósofo: O velho poderia ser um místico ou filósofo que,
ao longo da vida, acumulou experiências e ensinamentos sobre a natureza humana.
Sua sabedoria profunda poderia ser um convite ao juiz para repensar sua visão
de mundo e a maneira como trata os outros.
Uma Manifestação de Consciência Coletiva: Ele pode representar a
consciência coletiva da sociedade, lembrando ao juiz que suas ações afetam não
apenas a si mesmo, mas a todos ao seu redor. Esse aspecto pode reforçar a ideia
de que o juiz não é uma ilha isolada em sua posição de poder.
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