sábado, 2 de novembro de 2024

⁠Lula x Maduro: como começou a crise com a Venezuela

Segundo comunicado do governo venezuelano, Brasil teria feito "declarações intervencionistas" durante evento em Caracas.



A Venezuela convocou seu embaixador no Brasil, Manuel Vadell, para consultas nesta quarta-feira (30) e, ao mesmo tempo, chamou o encarregado de negócios brasileiro em Caracas por conta de “declarações intervencionistas” do governo brasileiro, conforme comunicado do Ministério das Relações Exteriores venezuelano.

O governo brasileiro não comentou oficialmente e de imediato a decisão da Venezuela.

O anúncio do ministério venezuelano é o capítulo mais recente de um impasse entre os dois países, que cresce desde que o governo Lula passou a insistir para que o governo do presidente Nicolás Maduro mostrasse os registros eleitorais que sustentaram a vitória na eleição presidencial de 28 de julho, conforme declarado pelas autoridades venezuelanas.



Maduro também tem se queixado do veto imposto pelo Brasil à entrada da Venezuela como país associado ao grupo Brics durante a cúpula mais recente, realizada na semana passada, em Kazan, na Rússia. O presidente Lula determinou pessoalmente que o Itamaraty bloqueasse a entrada da Venezuela nos Brics.

O blog izequielescritor apurou que Lula ficou tão irritado com a postura de Maduro que não quer nem mais ouvir falar do líder venezuelano e das supostas fraudes nas eleições.

Jorge Rodríguez, presidente do Parlamento venezuelano, dominado pelo partido governista, afirmou em comunicado nesta quarta-feira (30) que irá propor que a Assembleia Nacional declare Celso Amorim, assessor especial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, persona non grata.

— Amorim tem se dedicado de maneira impertinente a emitir juízos de valor sobre processos que apenas cobrem aos venezuelanos e às suas instituições democráticas, o que constitui uma agressão constante que mina as relações políticas e diplomáticas entre os Estados — acrescenta o comunicado do Ministério das Relações Exteriores venezuelanos.

As declarações de Celso Amorim

Chefe da assessoria especial da Presidência da República, Celso Amorim declarou que as autoridades venezuelanas estão “acusando injustamente” o Brasil por barrar a adesão do país vizinho aos Brics — grupo liderado pelo Brasil junto com Rússia, China, Índia e África do Sul.

Em audiência na terça-feira (29), na Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional da Câmara, Amorim afirmou que a decisão do bloco não foi ideológica. Ele explicou que o Brasil acredita que, para ingressar no grupo, é necessário que o país tenha influência e capacidade para representar a região.

Relações bilaterais

Pelo menos 600 mil venezuelanos migraram para o Brasil nos últimos anos, enquanto o comércio bilateral entre os países foi de cerca de 1,7 bilhão de dólares em 2022, com exportações brasileiras de 1,3 bilhões de dólares e exportações venezuelanas de 400 milhões de dólares. dólares, segundo dados das autoridades brasileiras.




Desde agosto, o Brasil mantém a custódia da residência do embaixador argentino em Caracas, após a expulsão dos diplomatas argentinos pelo governo Maduro. Seis colaboradoras da líder da oposição, María Corina Machado, permaneceram refugiadas nessa residência argentina desde março.










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